Justiça para o arquiteto Silva Rocha, o Gaudí Português

Francisco Augusto da SIlva Rocha. 1864-1957

Pedimos justiça para o arquiteto Aveirense Francisco Augusto da Silva Rocha (1864-1957), o Gaudí Português, autor do centro histórico Arte-Nova de Arte Nova de Aveiro, cidade por José Augusto França considerada Capital da Arte Nova Portuguesa, atualmente, e por causa do património do qual Silva Rocha é autor, candidata a Capital Europeia da Cultura.

Silva Rocha, expoente da arquitetura e da cultura europeias do seu tempo, foi retirado em 2015 com toda a sua Família do Jazigo de Família de seu sogro João Pedro Soares, um dos maiores beneméritos de Aveiro na sua época, todos lançados numa única sepultura de terra, com todas as características de uma vala comum.

Por deliberação da Junta de Freguesia de Vera Cruz Glória em delegação de Funções da Câmara Municipal de Aveiro, sem qualquer justificação válida e sem que tenham sido cumpridos quaisquer dos procedimentos a que a lei obriga. Sobre o tema que revoltou a sua Família e a opinião pública correm Processos no Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro e atualmente no Juízo de Instrução Criminal de Aveiro.

A sua bisneta e crítica de arte Maria João Fernandes, autora de uma vasta obra de crítica de arte e de poesia, foi inteiramente responsável pela preservação do centro histórico Arte-Nova de Aveiro, e da sua obra, antes da sua ação condenada à demolição.

Maria João Fernandes nos anos 70 com Medalhão em bronze de Sousa Caldas, Retrato de Silva Rocha.
Maria João Fernandes nos anos 70 com
Medalhão em bronze de Sousa Caldas, Retrato de Silva Rocha.

Nesse sentido organizou um abaixo-assinado subscrito pelo Presidente da República de então, Jorge Sampaio e por grandes personalidades desse período.

Foi autora de uma primeira monografia sobre Silva Rocha (2009) que se seguiu a uma tese de mestrado sobre o tema defendida com sucesso na Faculdade de Letras do Porto. O livro prefaciado por Siza Vieira contém a primeira definição da arquitetura Arte Nova em Portugal, lançada num Colóquio Internacional que Maria João Fernandes comissariou em 2001 nos Cursos da Arrábida: "As Décadas Prodigiosas 1890-1914 Arte Nova em Portugal e na Europa". Esse Colóquio trouxe a Portugal alguns dos maiores vultos portugueses e europeus da história da arte, entre os quais se destacaram Jean-Paul Bouillon e François Loyer que visitaram e elogiaram em Aveiro a obra de Silva Rocha. 

Em consequência desse labor, Maria João Fernandes foi proposta em 2009 para o Prémio Pessoa, pela Sociedade Nacional de Belas Artes e por Eduardo Lourenço:

"(…) tendo acompanhado e testemunhado o notável percurso de crítica de arte e o empenhamento de Maria João Fernandes, em particular a sua revisitação e defesa do património artístico nacional sob o signo da “Arte Nova”, subscrevo e apoio a atribuição do Prémio Pessoa como reconhecimento da sua ação cultural de tanto relevo.”

Eduardo Lourenço, Proposta de Maria João Fernandes para o Prémio Pessoa em 2009.

Maria João Fernandes luta há mais de vinte anos pela preservação não apenas da obra de Silva Rocha, mas do valioso conjunto da arquitetura Arte Nova Portuguesa. Bate-se agora pela dignidade da memória do seu autor, pela recuperação dos seus restos mortais e sua reposição no Jazigo de Família que deveria ser classificado como monumento de interesse público.

Com este objetivo lançou a 25 de Abril de 2020 uma Petição Nacional reunindo algumas das maiores personalidades do nosso País, que entregou na Assembleia da República e vai reapresentar proximamente, reformulando-a.